Na história de Jacó assistimos o destaque do perdão
que Esaú concedeu a ele muitos anos após, mesmo sofrendo a terrível dor e
revolta por ter sido traído. É lindo o cenário deste reencontro, onde ambos se
abraçam e choram, permitindo boas lembranças e dando lugar a saudade.
Prevaleceu o amor e a aliança entre os irmãos.
Posteriormente Jacó tem um real encontro com Deus, de
modo que Deus lhe deu outro nome, Israel (príncipe com Deus) pois que, lutara
com um Anjo que representava Deus. Anos se passaram, Jacó o agraciado Israel,
gerou doze filhos, dentre os quais, tinha o filho que mais amava por ter sido
gerado por Raquel, seu nome era José, o famoso José do Egito, que sofreu grandes
injustiças pelos seus irmãos, mas que no reencontro, conseguiu liberar perdão e
lhes abraçou : E beijou a todos os seus irmãos, e chorou sobre eles; e depois seus
irmãos falaram com ele.(Gênesis 45:15)
O perdão é a prática do amor, tanto amor ao próximo, como o amor a si mesmo, porque quem perdoa seu semelhante liberta a si próprio e o outro também.
Muitas pessoas guardam mágoas por anos e isso é um mal
muito antigo da humanidade, que precisa ser eliminado. Quem não consegue
perdoar o outro também não se perdoa e se anula.
Na prática da vida, é muito maior a necessidade de
perdoar do que esperar pelo perdão, pois quem não consegue perdoar, respira o
ódio, tristeza e sede de vingança; ainda que não busque vingar-se com as
próprias mãos, não consegue ter paz, até que veja o seu adversário derrotado ou
sofrendo algum dano na vida. Enfim, quem
não perdoa se destrói aos poucos e pode ser que, alguém que a feriu não passe
por nenhuma crise, enquanto que a pessoa ferida, mergulha num poço de mágoas
até a morte.
O ressentimento desgasta-nos física e emocionalmente.
Toda mágoa, além de ser cansativa, é um sentimento que leva-nos à depressão,
ansiedade ou ataques de pânico, alterações no sistema imunitário, podemos ser
levados às dificuldades cardíacas e outros problemas físicos relacionados com o
nível de stress do nosso organismo. A verdade é que, “o ressentimento é como a
própria pessoa tomar veneno e esperar que a outra pessoa morra”. Comparando com
a raiva, esta é como uma intoxicação alimentar que pode ser muito intensa, mas
que termina rapidamente. Relativamente à raiva, podemos reconhecê-la,
expressá-la e, finalmente, deixá-la ir. Como disse o escritor inglês Edward G.
Bulwer-Lytton (séc. XIX): “ A raiva ventilada muitas vezes
encaminha-se para o perdão; a raiva escondida muitas vezes endurece em
vingança”.
“Perdoar significa deixar ir o passado” (Gerald Jampolsky).
Sabemos que, não é muito fácil a pessoa se libertar do
passado onde fora acometida de dores e situações indesejáveis. E pode sofrer de
forma inconsciente, uma compulsão repetitiva de voltar a um episódio traumático
ou a determinado padrão de comportamento. Por exemplo, se foi magoado por
alguém que era bem próximo no seu passado, marido, esposa ou alguém da família
e a questão nunca foi “resolvida”, é muito provável que inconscientemente se
tenha reações agressivas ao perceber comportamentos semelhantes do triste
passado e tente resolver o que ficou pra trás, ou seja, quem guarda mágoas,
pode viver surtando com as pessoas erradas por causa das características
idênticas de alguns comportamentos, tentando resolver as situações jamais
superadas.
É necessário perdoar o que aconteceu lá atrás, pois
será a melhor forma de seguir em frente, numa direção de paz e ultrapassar o
passado de traumas e superar as dores.
A capacidade de perdoar o semelhante é quando tenho a maturidade
e o entendimento de que, todo ser humano é falho por sua natureza pecaminosa e
prejudicada pela serpente desde o Édem. De fato, o adversário de nossas almas
tem a função de matar, roubar e destruir, desde o princípio e a minha luta é
contra ele e não contra os homens, pois não existe seres infalíveis, todos
erram por suas limitações, erram por razão dessa natureza corrompida. Ao mesmo
tempo entender que, quando nos libertarmos de rancores, evitamos doenças e
muitos problemas e seguimos com a vida em frente.
Jamais devemos confundir o perdão com a aceitação de
uma injustiça, mas tenhamos a compreensão de que, se não perdoamos sofremos por
essas injustiças. O criminoso precisa ser responsabilizado pelos seus atos sim
e quanto a nós na condição de vítimas, a necessidade de perdoar é manter a
saúde interior, imunidade física e espiritual. Somos livres e temos paz com
Deus.
Pr. Aroaldo de Oliveira
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